sábado, 4 de janeiro de 2020

13 curiosidades sobre a língua francesa

Com 130 milhões de falantes, a língua francesa é uma das dez mais usadas do mundo. Porém, mais que isso, há várias curiosidades sobre a língua francesa que podem surpreender quem deseja aprendê-la. 

Se você sonha em ser fluente na mesma língua que Brigitte Bardot e Alain Delon, vá se acostumando com as curiosidades sobre a língua francesa que separamos a seguir: 

1. “Adorar” é mais forte do que “amar” 
Isso mesmo: para nós, amar é o auge. Amamos aquilo a que somos verdadeiramente devotados; é um sentimento profundo, especial, muitas vezes único. Já “adorar” usamos para coisas mais triviais: adoro sorvete, adoro ir ao cinema. 

Em francês, se você diz “j’adore” (“eu adoro”), quer dizer que aquilo a que você está se referindo é tudo na vida. 

Já o “j’aime” (“eu amo”) significa algo como “eu gosto”. Usa-se para tudo, o tempo todo. 

2. “C’est pas mal” é um elogio 
“C’est pas mal”, que em tradução literal significa “não é ruim”, é um elogio para os franceses. Aqui no Brasil, dizer que algo não é ruim seria como afirmar, implicitamente, que também não é bom (senão a gente faria logo um elogio, não é mesmo?). 

Lá, não é assim. Se você fizer uma tarefa na universidade e o professor disser “c’est pas mal”, comemore. 

3. Toda mulher é madame 
Os franceses são formais no trato com desconhecidos e chamam praticamente todas as mulheres de “madame”. As mais jovens são “mademoseille”, mas, em geral, toda mulher é madame. 

É engraçado no começo lidar com isso, já que no Brasil só se diz madame com um tom irônico: “a madame não vai ajudar a lavar a louça?” ou “hoje tive vida de madame, fiz compras no shopping e fui ao cabeleireiro”. Se você é mulher e vai passar um tempo na França, será madame. 

4. O francês é falado em 56 países 
Engana-se quem pensa que somente o inglês é capaz de abrir as portas da comunicação ao redor do mundo. Por incrível que pareça, se você souber falar francês, definitivamente não vai passar aperto em um número significante de lugares. Isso porque o idioma é falado em 56 países — em 25 deles, é a língua oficial. Alguns deles são: 

Mônaco; República Democrática do Congo; Polinésia; Togo; Senegal; Costa do Marfim; Burkina Faso. 

Além disso, há também aqueles países em que o francês é a língua cooficial, como: Bélgica; Canadá; Suíça; Luxemburgo; Madagascar; Haiti; Camarões. 

5. Há palavras inglesas na língua francesa 
Muitas palavras usadas no francês vieram do inglês, como “week-end”, “parking” e “shampoing”. Apesar disso, os franceses são muito protecionistas com sua língua e praticamente todos os filmes nos cinemas e na televisão são dublados em francês. 

Os canais do país não dão a opção de você ouvir o áudio estrangeiro com legendas. Isso, provavelmente, explica por que eles não usam mais palavras do inglês no dia a dia. 

6. Francês já foi a língua oficial da Inglaterra 
Entre a vitória dos normandos na batalha de Hastings (1066) e o fim do século XIV, falava-se francês na terra do Big Ben. 

Por esse motivo, os ingleses acabaram conservando alguns termos em sua linguagem cotidiana, como “garage”, “résumé”, “soufflé”, “mousse”, “baguette”, “buffet”, “restaurant”, “chic”e “déjà vu”.

7. No Canadá, ouve-se filmes 
A língua francesa tem outro sotaque e algumas particularidades no Canadá. No Québec, por exemplo, diz-se “vou escutar um filme” (“je vais écouter un film”). No resto dos países francófonos, o correto é “je vais regarder un film”, ou “vou assistir a um filme”. 

8. Os números em francês são diferentes 
Números são uma fonte de confusão para estrangeiros. A partir do sessenta, usa-se outra lógica para formar o número. Setenta, por exemplo, diz-se “soixante-dix”, ou “sessenta-dez”. Oitenta é “quatre-vingt”, algo como “quatro-vinte”. Noventa é “quatre-vingt-dix” (“quatro-vinte e dez”). Por isso, você tem que ser bom de conta para dizer os números no idioma. 

9. As palavras podem ter múltiplos acentos 
No português, geralmente as palavras têm um acento ou nenhum. Já no francês, um mesmo termo pode ter vários. Um exemplo é “hétérogénéité” (“heterogeneidade”, em português) que leva cinco acentos. Essa é uma das curiosidades sobre a língua francesa que mais intriga os estudantes. 

10. É preciso utilizar o partitivo 
Na língua francesa, chamamos de partitivo a palavra ou expressão que indica parte de algo inteiro. São eles: 

du: utilizado antes de substantivos masculinos singulares e que começam com consoantes (“Il prend du café” = ele está tomando café); 
de la: utilizado antes de substantivos femininos singulares e que começam com consoantes; 
de l’: utilizado antes de qualquer substantivo que comece com uma vogal (“Avez-vous de l‘argent?” = “vocês têm dinheiro?”); 
des: = utilizado antes de todos os substantivos no plural. 

Embora não haja tradução para a língua portuguesa, em francês é preciso usar o partitivo para indicar que uma quantidade não é exata — afinal, como você pôde perceber nos exemplos mencionados, não sabemos o quanto de café ou dinheiro estamos falando. Essa é uma das curiosidades sobre a língua francesa que devemos estudar para poder colocar em prática em uma viagem. 

11. Hospital ou hôpital? 
Em certas palavras, algumas letras são impronunciadas na língua francesa. No francês antigo, por exemplo, a letra “s” (de teste” ou “hospital”) apenas existia devido à origem latina dessas e de outras palavras. Com o passar do tempo, o “s” foi substituído pelo acento circunflexo, sendo “tête” e “hôpital” as pronúncias corretas nos dias de hoje. Curioso, não? 

Além disso, existe uma regrinha bastante útil e que funciona na maioria das vezes para saber se você deve ou não pronunciar alguma letra no final. Nas palavras que terminam com C, R, F e L, as últimas letras são pronunciadas normalmente. Já nas que terminam com outras letras que não sejam as que mencionamos acima, elas são silenciadas. 

12. Chez moi, chez toi? 
Você provavelmente já se deparou com a palavra “chez”, não é verdade? Trata-se de uma preposição francesa de origem celta e, portanto, não há correspondente a ela em outras línguas latinas como o português. 

Apesar de parecer algo complexo, “chez” quer dizer nada mais nada menos do que “em casa” ou “na casa de”, sendo “chez moi” = “em casa”, “chez toi” = “na sua casa”, e daí por diante. Se quiser marcar alguma festa na França, por exemplo, pode perguntar ao seu amigo francês “chez moichez toi?” (“na minha casa ou na sua?”). 

Além disso, “chez” é uma preposição bastante usada em nomes de restaurantes. Isso acontece porque, na cultura francesa, o restaurante é praticamente uma extensão da sala de jantar de muitas famílias — que, em vez de comerem em casa, costumam se reunir em um local próximo, pelo menos aos finais de semana. Nesse sentido, “chez Jacquin”, por exemplo, significa “restaurante do Jacquin”. 

13. Um dos trava-línguas mais difíceis do mundo é francês, uma das mais engraçadas curiosidades sobre a língua francesa! 
Se para a maioria das pessoas já é difícil falar “um ninho de mafagafos tinha sete mafagafinhos. Quem desmafagar esses mafagafinhos, bom desmagafigador será” sem gaguejar ou, literalmente, travar a língua, imagina só pronunciar “si six scies scient six cyprès, six cent six scies scient six cent six cyprès”? 

Em português, a expressão significa “se seis serras serram seis ciprestes, seiscentas e seis serras serram seiscentos e seis ciprestes” — o que também soa bastante complicado, não é verdade? Acha que consegue pronunciar de primeira? O desafio está lançado! 

Palavras afrancesadas

Já parou para pensar nas palavras em francês? Talvez você já tenha ouvido dizer que o português e o francês são línguas irmãs, ambas filhas do latim, mas não é só por isso que há tantas semelhanças entre as duas, sabia? 

No post de hoje, vamos contar para você um pouco sobre algumas das palavras em francês mais usadas no português brasileiro, como elas chegaram aqui e muito mais! 

Contatos culturais: a origem das palavras em francês no Brasil
Além das semelhanças na grande maioria dos termos de todos os tipos nas línguas latinas — das quais fazem parte, além do português e do francês, diversos outros idiomas, como o romeno, o espanhol, o italiano, etc. —, as línguas oficiais da França e do Brasil contam com vários outros pontos em comum vindos do contato entre as duas nações. 

Isso aconteceu, primeiramente, por causa da hegemonia cultural (e, em certos momentos, também militar) da terra de Napoleão durante tanto tempo na Europa, pelo menos desde o século de Luís XIV, o Rei Sol, coroado em 1643. 

Assim, na aristocracia de vários reinos (como Rússia, Inglaterra, Dinamarca e também Portugal e Espanha, claro), era considerado coisa das mais finas educar os filhos dos nobres em francês. Intelectuais e artistas de todo o Velho Mundo também precisavam ser fluentes en français, já que boa parte das novidades e ideias nesse universo vinham da França! 

Por aqui, a influência chegou junto com a Corte Portuguesa, em 1808, tanto na moda e na étiquette quanto no sistema de educação, todinho importado da França, com os colégios de freiras e tudo! 

Empréstimos: o francês “abrasileirado”
Dessas trocas — muito mais de lá para cá do que de cá para lá, vale ressaltar — entre brasucas e francófonos, que como vimos já dura séculos, muitas palavras acabaram sendo totalmente incorporadas no português brasileiro. Tanto que já nem sabemos que, originalmente, elas vieram do país da torre Eiffel! 

Veja alguns desses empréstimos:
bufê, do francês buffet (por isso tem quem pronuncie “bifê”, imitando o “u” afrancesado); 
boné, do francês bonnet

sutiã, do francês soutien (aquilo que sustenta), mas que é chamado de soutien-gorge por lá; 
maquiagem, do francês maquillage

abajur, do francês abat-jour, algo como “abater o dia”, ou seja, diminuir a luz; 
batom, do francês bâton, que quer dizer “bastão”, mas é chamado na França de rouge à lèvres
e cachecol, do francês cache-col, ou “esconde-colo”, mais chamado de écharpe por lá. 

Estrangeirismos: as palavras francesas na nossa língua 
Diferentemente dos empréstimos, que, como estrangeiros naturalizados, já fazem parte da nossa língua como se nem tivessem vindo de fora em primeiro lugar, os estrangeirismos são palavras de fora usadas em português na língua original mesmo (e por isso escritas em itálico ou entre aspas). 

Do francês, entre as mais frequentes no nosso dia a dia estão: 
avant-garde, usada em alguns contextos acadêmicos e formais, apesar de termos o empréstimo “vanguarda”; 
belle époque, para indicar o período histórico entre as duas guerras mundiais; 

à la carte, para falar do tipo de serviço de um restaurante; 
mise-en-scène, um nome técnico para a encenação de uma peça ou filme; 

réchaud, que é o nome daquele aparelho que mantém os pratos quentes num bufê; 
e dégradé, para indicar um esquema de cores que vai mudando gradativamente. 

Além dessas, claro, existem várias outras palavras em francês no português do Brasil, bem como outros sinais da influência do país da revolução na nossa cultura. 

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